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Retomada das aulas presenciais exige protocolos de segurança por parte das escolas

Distanciamento social, intensificação da limpeza dos ambientes, uso obrigatório de máscaras, higienização constante das mãos e aferição da temperatura corporal são algumas das recomendações Depois de mais de quatro meses com as aulas suspensas, devido à pandemia do novo coronavírus, as escolas brasileiras se preparam para a retomada das atividades presenciais. O Amazonas foi o primeiro estado a voltar — cerca de 110 mil alunos do Ensino Médio da rede pública de Manaus retornaram ao ensino presencial no dia 10 de agosto. Na maioria dos estados, o retorno ainda está sendo definido e pode acontecer em momentos diferentes de acordo com os municípios ou redes de ensino. Em São Paulo, foi adiado para 7 de outubro, mas a volta em 8 de setembro é opcional. Nesse processo, uma série de medidas e protocolos devem ser adotados para que a reabertura das escolas aconteça com a maior segurança possível. Secretarias da Educação e diferentes fundações e organizações têm divulgado ações para orientar as instituições de ensino, observando recomendações de autoridades da área de saúde nacionais e internacionais. Confira, a seguir, algumas dessas medidas, divulgadas no “Manual sobre biossegurança para reabertura de escolas no contexto da Covid-19”, lançado pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Organização do ambiente escolar – Adaptar, sempre que possível, espaços mais amplos e arejados para serem usados como salas de aula – Instalar, sempre que possível, pias e lavabos em espaços abertos, reduzindo o fluxo de utilização de banheiros – Se possível, cada sala de aula deve ser usada pelo mesmo grupo de estudantes – Instalar dispensers com álcool em gel nas entradas da escola, salas de aula e áreas de circulação – Evitar o uso de elevadores – Realizar a limpeza e desinfecção das salas de aulas nos períodos de intervalo para realização de lanches e refeições – Laboratórios e salas de apoio devem ter lotação máxima reduzida e ser usados com agendamento prévio, com escala de horários e procedimentos de limpeza e desinfecção entre os usos – Privilegiar a renovação frequente do ar, mantendo janelas e portas abertas, e não usar ar-condicionado – Fazer uso, se possível, latas de lixo sem toque, com acionamento por pedal – Restringir a entrada de visitantes e entregadores no ambiente interno da escola Banheiros – Instalar barreiras físicas de acrílico entre as pias do banheiro – Disponibilizar dispensers com álcool 70% para higienização de assentos sanitários, que deverá ser feita anteriormente a sua utilização – Orientar que a descarga deve ser acionada com a tampa do vaso sanitário fechada – Como os banheiros são áreas de risco, a limpeza desses espaços deverá ser realizada várias vezes ao dia Procedimentos de higiene, distanciamento social e uso de máscara – Adotar o distanciamento físico de 1 metro a 2 metros entre as pessoas – Sinalizar com fitas adesivas o piso das salas de aula, indicando o posicionamento de mesas e cadeiras – Dispor mesas e carteiras com a mesma orientação espacial, evitando que estudantes fiquem virados de frente uns para os outros – Incentivar a realização de reuniões de professores e de trabalhos administrativos de forma remota e diminuir os contatos sociais no ambiente de trabalho – Higienizar as mãos várias vezes ao dia e antes e depois do uso de equipamentos compartilhados, como livros e impressoras – É obrigatório o uso de máscaras individuais, com recomendação de troca a cada 3 horas (máscaras não cirúrgicas ou de tecido) coincidindo, preferencialmente, com os intervalos das refeições (momento em que já se retira a máscara). Também se recomenda a troca das máscaras sempre que estiverem sujas ou molhadas. – A escola deve instruir os estudantes e funcionários quanto ao uso correto da máscara e avaliar a possibilidade de distribuição de máscaras de tecido. Deve fornecer, excepcionalmente, máscaras descartáveis para funcionários ou alunos que, eventualmente, estiverem sem a proteção – Organizar, preferencialmente, dupla entrada e saída no prédio escolar e escalonar horários para estudantes e funcionário – Na entrada, realizar aferição da temperatura corporal e aplicação de questionário sobre sinais e sintomas da doença Alimentação – Orientar a higienização das mãos antes das refeições – Nos refeitórios ou lanchonetes, reorganizar o layout de mesas e cadeiras de modo a respeitar o distanciamento social – Instalar, quando possível, barreiras físicas sobre as mesas, reduzindo o contato entre as pessoas – Escalonar horários para a realização das refeições (café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar) pelos diferentes grupos, evitando aglomeração – Não utilizar a modalidade de autosserviço (self service)

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Como os alunos podem ser mais produtivos nas aulas online?

Uma série de medidas devem ser tomadas para a aprendizagem fluir melhor, como ter um local adequado para estudo, estabelecer uma rotina e se organizar para as tarefas Com o prolongamento da quarentena e das aulas remotas, os estudantes vão se habituando ao estudo online e definindo uma rotina em casa. Para aproveitar melhor as aulas e a interação com os professores e colegas, algumas atitudes são importantes. A primeira delas é organizar um local da casa para assistir às aulas. Ele deve ser silencioso, bem ventilado e ter boa iluminação. Se possível, as aulas gravadas ou ao vivo devem ser acompanhadas pelo notebook ou computador, pois possuem tela maior que a do celular, facilitando a concentração. Usar mesa de apoio e cadeira na altura correta também auxilia na atenção e evita problemas de postura. É recomendável, ainda, deixar todos os materiais que vão ser usados nesse espaço, para evitar saídas desnecessárias, e avisar a família para não ser interrompido. Manter a mesma dinâmica todos os dias também colabora para o estabelecimento da rotina. Se as aulas são assíncronas (gravadas), o ideal é assisti-las sempre no mesmo período, preferencialmente no horário que estaria na aula presencial. Especialistas orientam a proceder como se o aluno fosse para a escola — acordar cedo, tomar café da manhã e se arrumar para começar o dia. No caso das aulas síncronas (ao vivo), o estudante precisa se programar para estar com tudo pronto alguns minutos antes do horário marcado para o início. Evitar distrações e permanecer focado são outros aspectos fundamentais. Por isso, é importante não usar o celular e nem navegar na internet durante a aula. Durante as aulas ao vivo, uma questão que tem surgido, principalmente para os adolescentes, é quanto a deixar ou não a câmera aberta — muitos estudantes optam por mantê-la fechada. Os professores dizem que visualizar os alunos é uma forma de ter feedback, o que ajuda no encaminhamento da aula, pois conseguem perceber se os estudantes estão compreendendo o conteúdo ou não. Assim, para um melhor aproveitamento, a orientação é ativar esse recurso. E para assimilar melhor os conteúdos vistos nas aulas, fazer as tarefas relacionadas a eles no próprio dia em que foram dadas pode ser uma boa estratégia. Para não perder o encadeamento dos assuntos, vale anotar todas as dúvidas que surgirem para apresentar ao professor na aula seguinte. Por fim, ficar em isolamento social não significa não poder contar com os colegas para estudar ou realizar atividades. É possível fazer chamadas de vídeo ou marcar reuniões remotas para trocar ideias e informações, discutir tópicos e trabalhar em grupo.

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Visite a distância 5 museus brasileiros que tratam da temática indígena

Acervos e exposições virtuais permitem conhecer a história, a cultura e a arte dos primeiros habitantes do país; vídeos, plataformas online e pesquisa de imagens são alguns dos recursos disponíveis   Em época de pandemia, em que os museus estão fechados para as visitações presenciais, é possível conhecer obras e percorrer exposições virtualmente. Alguns museus brasileiros são focados na temática indígena ou têm parte do seu acervo dedicado ao tema. Conheça algumas dessas instituições e passeie de modo virtual por seus edifícios, coleções e mostras. Museu do Índio – Rio de Janeiro (RJ) – Acervo etnográfico dos povos indígenas http://tainacan.museudoindio.gov.br/ O acervo digital possui cerca de 20 mil itens. São peças de uso ritual e cotidiano e expressões da cultura material de cerca de 150 povos que viveram e vivem no território brasileiro. Dá para pesquisar as imagens por categorias — como objetos rituais, mágicos e lúdicos; adornos plumários; armas; cerâmica; cordões e tecidos; e instrumentos musicais e de sinalização — e por povos indígenas. Cada item vem acompanhado de uma ficha, com descritivo, matéria-prima utilizada, local de origem e língua, entre outras informações. – Exposições virtuais http://www.museudoindio.gov.br/visitas/visita-virtual Entre as exposições virtuais do Museu do Índio estão “A presença do invisível” (Vida e ritual entre os povos indígenas do Oiapoque), “Ritual da imagem” (Arte Asurini do Xingu) e “Impressões e movimento, os Mbya no Rio de Janeiro” (Guarani Mbya). – Visita virtual pelo Google Arts & Culture: https://artsandculture.google.com/partner/museu-do-indio?hl=pt-br Centro Cultural dos Povos da Amazônia – Manaus (AM) https://cultura.am.gov.br/portal/visita-virtual/#close Entre outras atividades, o espaço conta com exposições temporárias e permanentes sobre o cotidiano amazônico e com acervos da Fundação Nacional do Índio (Funai), com destaque para máscaras indígenas, adornos, canoas, esteiras, fragmentos arqueológicos e cerâmicas com peças e artefatos variados. Na visita virtual, no vídeo 1, é possível apreciar obras da arte e cultura indígena regional, como as redes, utensílios e esculturas em madeira. O vídeo 2 mostra o Museu do Homem do Norte, localizado no mesmo centro cultural e focado nas características e na cultura dos povos ribeirinhos e indígenas. Memorial dos Povos Indígenas – Brasília (DF) https://www.youtube.com/watch?v=kX4rZw9B2TM Projetada por Oscar Niemeyer, a construção remete às aldeias circulares dos índios Yanomami. No acervo, há peças representativas de várias tribos, como a arte plumária dos Urubu-Kaapor, bancos de madeira dos Yawalapiti, Kuikuro e Juruna e máscaras e instrumentos musicais do Alto Xingu e Amazonas, e objetos doados por antropólogos, como Darcy Ribeiro, Berta Ribeiro e Eduardo Galvão. Museu de Arte Indígena – Curitiba (PR) https://www.youtube.com/watch?v=6qPVf2vK40E https://www.youtube.com/watch?v=03oS58I4rNo Primeiro museu privado do Brasil dedicado exclusivamente à produção artística dos indígenas brasileiros. O acervo inclui arte plumária, cerâmica, cestaria, instrumentos musicais, máscaras ritualísticas, bancos, adornos e objetos utilitários. Além dos vídeos do YouTube que apresentam o museu, o visitante pode conhecer as obras pelo site (http://maimuseu.com.br/site/acervo_mai/), selecionando-as por filtros como etnia, objeto, estado e material. Exposição digital “A câmera é nossa arma”, sobre os índios Kayapó https://archaeology.columbia.edu/video-guerreiros-kayapo/#inbox/_blank Realização do Museu Americano de História Natural (AMNH), do Programa de pós-graduação em Antropologia de Museus da Universidade de Columbia, ambos em Nova York (EUA), e do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém (PA). Retrata a luta dos Kayapó por seu território, soberania e cultura e como se apropriam de tecnologias para defender a sua história. Inclui fotos e vídeos produzidos pelos próprios indígenas e entrevistas com lideranças.

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Como estimular o protagonismo dos estudantes na sala de aula?

Professor deve dar voz aos alunos e colocá-los como sujeitos do processo educacional; aprendizagem significativa pressupõe envolvimento e papel ativo na construção do conhecimento Muito se fala sobre a importância do estudante ser protagonista do processo educacional. Mas o que significa exatamente ser protagonista? Gina Vieira Ponte, professora da Educação Básica da Secretaria de Educação do Distrito Federal há 29 anos, que atualmente atua na formação de educadores, explica que essa concepção de educação, que coloca o aluno como sujeito da aprendizagem, se contrapõe ao paradigma tradicional, em que ele é visto como objeto desse processo. “Nas concepções tradicionais e hegemônicas de educação — que o autor Paulo Freire chama de educação bancária e alguns estudos denominam como educação colonizadora — a função dada ao estudante está muito relacionada a reproduzir, repetir, copiar, silenciar, obedecer. É a lógica do professor que fala e do aluno reduzido a expectador da aula. Já na perspectiva do estudante como sujeito, participando ativamente do processo de aprendizagem, a função do aluno é criar, construir, contestar, produzir, pensar, imaginar, vivenciar, argumentar, debater, fazer e sentir”, diz a educadora. Segundo ela, em qualquer contexto, inserir o aluno como protagonista é importante para garantir a aprendizagem significativa. Mas, na atual conjuntura, em que os alunos que chegam à escola hoje são nativos digitais, chamados o tempo todo a participar, opinar, curtir, jogar e postar, a relevância é ainda maior. “O protagonismo tem a ver com isso. Se pudesse resumir em uma ideia, eu lembraria da frase de Benjamin Franklin que diz ‘diga-me e eu esquecerei; ensina-me e eu poderei lembrar; envolva-me e eu aprenderei.’” Gina é autora do projeto Mulheres Inspiradoras, de formação de professores, que tem como pilar o protagonismo dos estudantes. O projeto se tornou política pública e hoje está presente em 40 escolas do Distrito Federal. De acordo com ela, o primeiro passo para garantir o protagonismo dos alunos é ouvi-los e se abrir para a avaliação deles. “O estudante se torna parte do processo educacional quando o professor se propõe a escutar o que ele pensa e a ver como as suas aulas reverberam nesse aluno”. Ela conta que precisou se ressignificar como professora quando teve uma depressão grave por não conseguir envolver os alunos nas aulas. “Desenvolvi vários mecanismos para saber quem eram os meus alunos e como fazer um trabalho que tivesse sentido para eles”. Ela criou conta nas redes sociais para usar como ferramenta pedagógica e propôs um diário de bordo, no qual os alunos fazem um relatório de cada aula. “É preciso construir um ambiente de confiança, em que eles se sintam seguros para falar com sinceridade o que foi bom ou ruim, o que aprenderam ou não aprenderam”. Para estimular o protagonismo dos alunos, Gina também recomenda que os professores se aproximem das teorias e da literatura sobre o tema e que tenham abertura para se questionar e pensar em metodologias que permitam aos estudantes dialogar com a sua realidade e agir — como rodas de conversa, produção de texto, trabalho em grupo e pesquisa de campo. Para a educadora, assim como é necessário evocar o protagonismo dos estudante é preciso evocar também o protagonismo do professor. “Não tem receita. O professor precisa acreditar nisso. Quando ele entende o quanto ele ganha ao ouvir os estudantes e ao permitir que participem ativamente, isso representa colocar a aprendizagem e não o ensino no centro do processo.”

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Como inovar ao abordar arte indígena em sala de aula?

Na Escola Móbile, em São Paulo, alunos pesquisam percurso autoral de integrante da etnia Baniwa; ideia é incentivar o processo artístico como construção de conhecimento O contato com a arte indígena na escola, além de trazer a discussão sobre esses povos originários, permite compreender a diversidade cultural brasileira. Na Escola Móbile, em São Paulo, um projeto desenvolvido no 6o ano do Ensino Fundamental pela professora Luana Minari, de Artes Visuais, estuda os povos indígenas no contexto de dois grandes temas — a cultura e a arte. A disciplina dialoga com História, que também aborda a questão indígena. “Reconhecemos e compreendemos as culturas indígenas brasileiras como plurais e diversas e apontamos suas matrizes na tradição nacional, assim como sua participação na construção da contemporaneidade. Estudamos o que é cultura, tanto material quanto imaterial, e suas manifestações”, explica o Rodrigo Silveira, coordenador pedagógico da disciplina de Artes Visuais do Ensino Fundamental 1 e 2. “Para concretizar esses conceitos, torná-los tangíveis e aprofundar os conhecimentos específicos, escolhemos a etnia Baniwa, do Alto Rio Negro, no Amazonas. Eles detêm uma poderosa comunicação simbólica, além de mitologias próprias e uma cultura material estabelecida.” O coordenador explica que na disciplina de Artes Visuais é abordado o percurso do artista como linha condutora das atividades, sob o recorte da Arte Contemporânea Brasileira. “Estimulamos os alunos a investigar o processo de algumas obras de artistas impondo a si mesmos a intencionalidade e os desafios que os artistas se colocaram para o desenvolvimento de sua expressão, linguagem e discurso”. Esta abordagem é amparada por quatro pilares: contextualizar (compreensão do tempo e do lugar do artista e das obras), apreciar (leitura das obras, mensagem, técnicas, materiais e processos), fazer (práticas e exercícios de realização e desenvolvimento de obras) e comunicar (dissertação sobre o trabalho e sua exposição). Como parte desse estudo, os alunos contam com a presença do artista visual contemporâneo Denilson Baniwa, que utiliza suportes físicos e digitais para desenvolver seu percurso. A partir da contextualização e da apreciação das obras do artista e dos Baniwa, os estudantes partem para o fazer artístico. A ideia é que eles se apropriem da proposta de maneira autoral, demonstrando sua intencionalidade e explorando o tema por meio da linguagem visual e da investigação de técnicas e materiais. “Eles desenvolvem grafismos inspirados na cultura Baniwa — mitos, cestaria, sílabas gráficas — que servirão de matrizes para a gravação em linóleo. Essas matrizes serão impressas em papel e também utilizadas para compor uma estamparia em tecido.” O resultado das produções dos alunos são comunicados tanto por meio de um texto que sintetiza o seu percurso de artista quanto por uma exposição da obra em si. “Esse processo faz com que a abordagem de apropriação permita tanto a ampliação de repertório quando o desenvolvimento subjetivo e autoral do aluno”. Para Silveira, é importante dar voz e espaço aos agentes da arte indígena. “O professor também pode buscar em suas comunidades quem está produzindo, local e contemporaneamente, e trazê-los para a sala de aula, dando continuidade a esta construção permanente da cultura brasileira.”

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Pandemia do novo coronavírus pode levar cidades a se reinventarem

Historicamente, centros urbanos ressurgiram após tragédias, com planejamento, marcos regulatórios e investimentos; no Brasil, crise expõe abismo entre territórios ricos e de extrema pobreza A pandemia do novo coronavírus, com 7,8 milhões de casos confirmados e 431 mil mortes em todo o planeta*, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), já é considerada a maior crise sanitária mundial da nossa época, com impactos em todos os setores da sociedade. Para o urbanista Carlos Leite, coordenador do Núcleo de Urbanismo Social do Laboratório Arq.Futuro de Cidades do Insper, a pandemia atual é mais um entre os vários e inúmeros sustos que a humanidade já passou, incluindo situações absolutamente dramáticas de guerras, inundações, terremotos, incêndios e doenças. Mas representa também uma oportunidade das cidades se reinventarem. “Olhando historicamente, é mais um episódio na trajetória da humanidade. E a História nos mostra que as cidades conseguem sempre ressurgir das mais profundas tragédias. Da Berlim devastada na Segunda Guerra Mundial, e hoje uma das cidades mais interessantes e um dos maiores pólos culturais do mundo, a Londres do século XVIII, com a peste e as doenças, que depois disso criou marcos regulatórios com padrões de higiene e saúde pública”, explica o professor. De acordo com ele, é sempre por meio desses grandes percalços que as cidades se mexeram. “Mas, lógico, as respostas que elas dão variam muito de cidade para cidade, de país para país, de governo para governo, de sociedade para sociedade.” Ele chama a atenção para as regiões mais pobres e periféricas das grandes cidades, como São Paulo, onde a população mais vulnerável socialmente já enfrentava condições mais precárias de vida e tinha prevalência maior de doenças e casos de morte. “Quando chega uma pandemia, essa situação se agrava. O recado que está sendo dado é que não podemos mais permitir, enquanto sociedade, viver em cidades que tenham esses territórios com tantas fragilidades e com tanta iniquidade. Não é possível ter essas cidades duais — territórios ricos e de extrema pobreza.”  Para Leite, essas mudanças que podem vir estão relacionadas a planejamento urbano, adoção de marcos regulatórios robustos e investimentos contínuos em cultura, educação e urbanismo. Ele cita como exemplo a própria Europa, que já foi uma região muito precária e hoje tem altíssimo padrão de vida, e a cidade de Medelín, na Colômbia, que em algumas décadas se transformou em uma das cidades mais qualificadas e inovadoras do planeta. Segundo ele, a ciência é outro fator fundamental para conseguir mapear e ter indicadores para fazer diagnósticos precisos de onde a cidade precisa de mais abastecimento, infraestrutura e condições de higiene, por exemplo.  O professor afirma que as cidades — talvez a maior invenção do ser humano e responsáveis pelo grande progresso da humanidade — continuarão a ser fundamentais para a vida urbana, pois são nelas que estamos majoritariamente e que vamos continuar a viver. “ A maior parte da população brasileira vai permanecer onde já está, e nós temos que trabalhar enfaticamente para melhorar as suas condições de vida urbana, o que significa, entre outras coisas, habitação digna, infraestrutura básica e transporte público de qualidade. O investimento pesado tem que ocorrer aí, e a sociedade como um todo está tomando esse chacoalhão e esse aviso para poder avançar nessa mudança.”

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Arte pode ser um caminho de aproximação com a cultura indígena

Por meio da apresentação das manifestações artísticas dos índios brasileiros, escolas podem contribuir para a valorização da cultura desses povos e para a formação de crianças e jovens com um olhar mais crítico e diverso Quando os primeiros colonizadores portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, a população indígena era de cerca de 3 milhões de habitantes. Atualmente, de acordo com o último censo demográfico do IBGE, de 2010, são aproximadamente 900 mil índios, de 350 etnias, que habitam milhares de aldeias por todo o território nacional.   Para a jornalista Angela Pappiani, diretora do Ikore (Instituto de Tradições Indígenas – Núcleo de Cultura Indígena), que atua há 30 anos com a questão indígena, o abismo que nos separa dos povos originários do nosso país, construído ao longo de mais de cinco séculos de colonização, é o grande responsável pelo preconceito e o desrespeito aos direitos básicos desses povos existirem.  “Não conhecemos os povos indígenas, nada sabemos sobre sua história, cultura, pensamento e arte. O que nos chega, por meio de livros didáticos ou mídia oficial, é encoberto por nossa incapacidade de enxergar o outro, o diferente. E por isso mesmo é tão fácil ignorá-los, não escutar suas reivindicações, não procurar compreender seu modo de vida e, assim, aceitar a violência que é praticada cotidianamente contra eles.” De acordo com ela, a arte e as diversas formas de expressão podem ser um caminho de aproximação entre as culturas, pois são capazes de conectar pessoas e povos diferentes. “A arte indígena é potente, rica e diversa. Com sua beleza e formas nos toca e nos comove. E assim pode comunicar com profundidade o pensamento e a maneira que os povos indígenas escolheram para estar no mundo, em comunhão com a natureza.”  Ela destaca que a arte está presente em cada momento de vida dos povos indígenas. “Em cada objeto, em cada ritual, em cada gesto, a arte surge, expressão de força e conexão com o mundo mítico e espiritual”. Angela cita a cerâmica, a cestaria, os instrumentos musicais, os adornos, a arquitetura, os bancos zoomorfos esculpidos em madeira, e diz que toda a cultura material dos povos originários está carregada de princípios e objetivos, valores estéticos e sociais e de história e aspirações.  Segundo ela, é importante as escolas trazerem a temática para a sala de aula. “Se essa oportunidade de contato com a arte indígena acontece durante a vida escolar de uma criança, a chance dela se tornar um adulto mais aberto às belezas e diversidades do mundo, mais conectado com a natureza e com a criatividade, é muito maior”, finaliza a diretora.

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Veja como manter o equilíbrio financeiro durante a quarentena

É possível cortar despesas supérfluas e tentar renegociar gastos fixos; também é recomendável não contrair novas dívidas e fugir do cheque especial Com o avanço da Covid-19, a necessidade de isolamento social é imprescindível para conter a propagação da pandemia. Com a paralisação de uma série de atividades econômicas, no entanto, muitas pessoas tiveram uma diminuição nos seus rendimentos e estão enfrentando dificuldades financeiras. Nesse contexto, é importante conseguir poupar e tentar equilibrar as finanças. Bruno Giovannetti, economista da plataforma “Por Quê? – Economês com bom português”, da BEI Editora, diz que é fundamental apertar o cinto nesse período, o que significa cortar as despesas supérfluas e tentar renegociar os gastos fixos, como conta de telefone, tarifas bancárias e parcelas de empréstimos bancários já adquiridos. “As grandes empresas estão preparadas nesse momento de crise para renegociações. De economia em economia, você pode, ao final, conseguir gastar bem menos”. Outra orientação que ele dá é tomar muito cuidado com novos endividamentos a taxas de juros altas. “A tentação para tomar empréstimos neste momento de crise é grande e, se forem empréstimos com altas taxas de juros, certamente haverá problemas futuros. Parcelas altas desses empréstimos vão começar a aparecer daqui a pouco, o que não será nada agradável.” Fugir do cheque especial e do pagamento mínimo do cartão de crédito também é recomendável, de acordo com o economista, pois os juros dessas modalidades de empréstimo são altíssimos — 150% ao ano para o cheque especial e 300% ao ano para o cartão de crédito. Giovannetti lembra, ainda, que a plataforma “Por Quê?” está oferecendo um conteúdo específico sobre orientação financeira em tempos de crise, em que é possível enviar dúvidas sobre o assunto para especialistas. Ao se cadastrar, o usuário também tem acesso a respostas de questões já respondidas, por exemplo, como receber o auxílio emergencial de R$ 600,00 e como pagar, se estiver sem trabalho, dívidas que estão prestes a vencer.  “Tenha em mente que este é um período passageiro e uma boa organização financeira para passar por ele é muito importante”, finaliza Giovanetti.

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Como projetos interdisciplinares podem impactar positivamente a aprendizagem?

O vínculo a contextos reais favorece o engajamento dos alunos, que veem sentido no que estão estudando e compreendem que o conhecimento não é fragmentado A interdisciplinaridade é uma estratégia pedagógica que tem a função de estabelecer relações entre disciplinas ou áreas de conhecimento. A pedagoga Andréa Bichara, que trabalha há 20 anos com o tema e é CEO da Metodologia AB, empresa voltada para o reposicionamento educacional de professores e escolas, alerta, no entanto, que a interdisciplinaridade só vai impactar positivamente a aprendizagem se estiver relacionada a contextos reais e que façam sentido na vida do aluno. Ela explica que um dos benefícios da interdisciplinaridade é levar o estudante a entender que não aplicamos conhecimentos de forma fragmentada no nosso dia a dia. Uma simples ida ao supermercado, por exemplo, pode articular a elaboração de uma lista de compras (que é um gênero textual), a comparação de preços (uso da matemática) e a interpretação de uma tabela de calorias de um alimento (conhecimentos de ciências). “Quando entramos com um projeto interdisciplinar e o trazemos para a realidade dos estudantes, eles se engajam e tornam-se mais participativos, pois conseguem perceber como aplicar concretamente o que estão aprendendo e entendem o que estão fazendo na sala de aula”. Um dos desafios de realizar essas propostas, segundo ela, é não forçar situações ou criar histórias descoladas do cotidiano para vincular as disciplinas, o que enfraquece o seu potencial e esvazia o seu significado para os alunos. Ela dá um exemplo, que seria criar um pretexto de uma festa de aniversário para um problema de matemática que envolve adição, em que um convidado come 75 brigadeiros e a outro, 35.  “É interessante usar o tema da festa e dos doces, pois isso atrai os alunos. Mas ninguém vai comer essa quantidade de docinhos, isso é irreal”, observa. “Então, para se trabalhar interdisciplinarmente, seria mais produtivo falar da história do brigadeiro, como esse doce tipicamente brasileiro surgiu no país, como é a receita, quantas latas de leite condensado eu preciso para fazer determinada quantidade de doces, como os ingredientes são misturados e por aí vai”. Esses seriam exemplos de informações que articulam diferentes disciplinas e dialogam com uma situação de vida real dos alunos. Além da falta de segurança e de qualificação para trabalhar de forma interdisciplinar, o que gera equívocos, como forçar contextos e buscar histórias vazias de significado para os alunos, os professores precisam vencer outras dificuldades. Uma delas é a estrutura de ensino já consolidada e fragmentada, que compartimenta o conhecimento em diferentes livros, como o de português, o de matemática etc, o que torna mais difícil caminhar por temas. Outra é dispor de tempo e condições para traçar uma estratégia interdisciplinar, o que demanda pesquisa de um contexto local, nacional ou mundial de interesse dos alunos, alinhar as disciplinas que serão consideradas e pensar em como aplicá-la no dia a dia e não em um projeto isolado. Segundo Bichara, se a interdisciplinaridade trouxer temas para abordar não só questões científicas, mas também as culturais, ela favorece ainda a formação de sujeitos articulados e muito mais observadores, porque vão perceber o que existe além do óbvio. “A interdisciplinaridade aplicada ao contexto de vida e interesse dos alunos se torna uma das melhores ferramentas para a aprendizagem significativa e motivadora\”.

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Conhecimento urbanístico auxilia jovens a refletir sobre seu papel de cidadão

Entender a complexidade do espaço urbano e reconhecer as forças sociais, econômicas e políticas que o produzem são formas de olhar criticamente onde nos situamos na cidade O conhecimento urbanístico é uma importante ferramenta para o desenvolvimento da cidadania dos jovens. Além da cidade ser uma manifestação concreta dos conteúdos estudados na escola — como geografia, história e até matemática, nas estatísticas e dados socioeconômicos –, compreender a complexidade dos seus aspectos e identificar as forças naturais, econômicas e políticas que a produzem são formas de desenvolver o olhar crítico e a prática cidadã. Segundo o arquiteto e urbanista Washington Fajardo, pesquisador-visitante da Universidade de Harvard sobre políticas habitacionais e desenvolvimento comunitário, nem sempre é fácil ter essa percepção. “Nós estamos dentro da cidade e somos parte dela — é nela que moramos, nos deslocamos, trabalhamos, estudamos, nos divertimos. Esse envolvimento faz com que, muita vezes, a gente não consiga pensá-la criticamente”.  Para ser capaz de fazer essa reflexão, segundo ele, é preciso observá-la com certo distanciamento, o que implica em olhar para a problemática a nossa volta — os fatores políticos, ambientais e econômicos que levam os diferentes grupos sociais a viverem de determinada maneira. Nesse sentido, um material pedagógico como “Aprendendo a viver na cidade”, da BEI Educação, ajuda a conectar os pontos para auxiliar os jovens a ganhar essa leitura. “ A cidade tem seu próprio repertório, códigos, sentidos e significados. Se conseguimos ler essas relações, somos capazes de interpretar a mensagem que está sendo passada e tomar as melhores decisões como cidadãos”.  Fajardo dá um exemplo: a relação do tempo gasto por um estudante para se deslocar de sua residência até a escola e a distância real de sua casa até a escola. “Outros colegas que estão na mesma distância podem chegar mais rápido, pois o tempo vai depender do meio de transporte (carro ou ônibus) e da infraestrutura urbana do entorno (ruas, avenidas, viadutos etc)”, explica. “Isso mostra que o espaço urbano não distribui de maneira equânime os serviços e benefícios. O pensamento crítico importa para ver onde você se situa na cidade”. O simples ato de atravessar uma rua e ir até a padaria também evidencia essas complexidades a ser observadas: se a via tem pavimentação adequada, se a pessoa consegue atravessá-la sem correr risco, se a calçada é segura. “Vários serviços públicos tiveram que ser acionados para isso, como a construção do desenho dessa rua, a colocação do semáforo, a poda de uma árvore, a pintura da faixa de pedestre, o conserto do buraco da rua”, enumera o arquiteto. Esse ato, continua Fajardo,  também é uma síntese da própria vida na cidade, que envolve as relações políticas, sociais, culturais e econômicas, e também as subjetivas e emocionais. “Nesse trajeto, eu posso tanto ser atropelado, encontrar um parceiro para um negócio ou até o amor da minha vida”.

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