- Em época de eleições, é crucial lembrar a importância do meio urbano e nosso contato com ele
- Washington Fajardo, ex-secretário de planejamento urbano do Rio de Janeiro e colaborador da BEĨ Educação, comenta sobre a relação entre “ocupar a cidade” e a cidadania
Segundo o material didático “Aprendendo a Viver na Cidade”, da BEĨ Educação, “o espaço público é o lugar do encontro, da convivência e da vida coletiva, podendo ser considerado a ‘alma da cidade’. Afinal, se uma das principais características da cidade é agregar, promover o encontro, é no espaço público que isso acontece”. Em período de eleições, esse espaço e a sua ocupação pelos cidadãos são essenciais para a convivência e a cidadania plena.
Washington Fajardo, arquiteto, ex-secretário de planejamento urbano da cidade do Rio de Janeiro e colaborador da Arq. Futuro, parceira da BEĨ Educação, defende que a cidade tem papel fundamental na democracia.
“Do latim, o radical que dá origem à palavra ‘cidadão’ (civis) é a mesmo de ‘cidade’ (civitas), sendo que a democracia surgiu de uma necessidade da convivência num território comum. Logo, o espaço público deve servir de plataforma para o diálogo, a tolerância e o respeito entre diferentes”, afirma.
Fajardo chama esse aspecto social de “urbanidade”, um termo cunhado por arquitetos e urbanistas para se referir à relação entre as pessoas, baseada na boa convivência no ambiente urbano.
Nas cidades brasileiras, no entanto, essa experiência é muito segmentada devido a renda, classe e etnia da população, fazendo com que, de acordo com ele, a ideia brasileira de convivência também seja muito fragmentada.
Espaços públicos para diferentes demandas
Nesse contexto, o ex-secretário analisa a juventude urbana e sua forma de aprender sobre e tomar o espaço público, como uma área de troca e expressão culturalmente diversa. Bailes funk, batalhas de slam, os chamados “paredões”: são todos exemplos de ocupações da rua “num improviso de local de encontro”. Logo, há uma necessidade por espaços públicos que possam lidar com diferentes demandas de adolescentes e jovens.
Além disso, ele destaca a importância política dessa faixa etária, que “está em um momento de transição para a vida cidadã, tornando-se uma pessoa política”. Em 2022, o país ganhou 2.042.817 novos eleitores entre 16 e 18 anos, um aumento de 47% em relação a 2018.
Para Washington Fajardo, a juventude “é o motor de grandes revoluções”, dando como exemplo os atos de 2013, em que os jovens se reuniram nas ruas para questionar a qualidade da vida coletiva, em sua mobilidade – com o movimento Passe Livre – e seus serviços públicos.
Assim, com as eleições se aproximando, devemos lembrar do quão imprescindível é a cidade como espaço de atuação política, expressão e reivindicação, como o material da BEĨ Educação defende num de seus capítulos: “o urbanismo tático são intervenções urbanas realizadas pela sociedade em ruas, praças, parques, escolas e até edifícios, ações que têm função essencial na construção e no desenvolvimento da cidade”.
Ainda dentro dessa temática, veja como os espaços urbanos podem favorecer a aprendizagem e a formação de cidadãos atuantes.