Considerar as desigualdades sociais, envolver a comunidade na reflexão e tomada de decisões sobre a escola, priorizar o conteúdo e propiciar ambiente de cuidado e acolhimento dos alunos são algumas das possíveis ações
“Recuperação educacional pós grandes crises” foi o tema do quarto webinário de uma série de eventos online que a BEI Educação está realizando em parceria com o Itaú BBA. Para discutir o tema, foram convidadas Linda Peck, consultora educacional e inspetora oficial de escolas na Inglaterra; Lidiane Malanquini, pesquisadora e coordenadora das áreas de direito à segurança pública e acesso à justiça da Redes da Maré; e Márcia Roberto, diretora de escola e especialista em informática educativa. Confira algumas das ideias debatidas no encontro, que podem ajudar a guiar a retomada.
Considerar as diferenças
Uma pandemia exacerbou as desigualdades da educação brasileira. Embora se pretenda universal, o direito à educação chega de diferentes maneiras às diversas populações, a depender da área – mais central ou periférica -, da cor da pele e da renda. Para uma relação de ensino e aprendizagem de qualidade e mais efetiva, políticas públicas e currículos devem contemplar como diferentes vozes e realidades dos alunos, principalmente os mais vulneráveis.
Estimular a participação da comunidade
A educação precisa dialogar com a sociedade e o território onde está inserida e ter escuta ativa de todos os envolvidos no processo – alunos, famílias, professores. Isso pode acontecer, por exemplo, por meio de gestões participativas e conselhos formados por estudantes, educadores e comunidade, que pensam conjuntamente a escola, pautam ações e participam de decisões e planejamentos. Essa conexão é fundamental para um acesso mais qualificado e uma aprendizagem mais clara e alinhada com o perfil de cidadão que deseja formar.
Criar ambientes propícios para a aprendizagem
A escola precisa ser fortalecida como um ambiente de escuta, cuidado e acolhimento, sobretudo no retorno pós pandemia, em que os estudantes podem ter vivenciado experiências como violência doméstica ou questões relacionadas à saúde mental. A articulação com outros setores e secretarias, como arte e cultura, segurança pública, saúde e assistência social, também é importante no apoio a essas ações.
Pensar em estruturas mais flexíveis
Além dessa rede de proteção, será necessário encontrar novos meios tecnológicos para viabilizar o acesso ao ensino híbrido, seja por meio de mídias digitais, como Facebook e Whatsapp, ou mesmo canais públicos de televisão. Priorizar o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e dependentes do currículo, como os conceitos-chave e aqueles que vão favorecer a aprendizagem contínua ao longo da vida, são outros caminhos para a educação pós-pandemia.