Você sabe a importância de realizar um diagnóstico dos estudantes em sala de aula? Essa é uma prática que, quando adotada pelo docente ao assumir uma turma nova, pode facilitar seu trabalho. Afinal, os alunos têm diferentes tipos de conhecimento e interesses. Entender essas diferenças pode melhorar o processo de aprendizado ao longo do ano.
“Todo estudante tem uma série de conhecimentos prévios, relacionados ou não à escola”, diz Áquila Nogueira, gerente pedagógico e de produtos da BEĨ Educação. Ele destaca que tais conhecimentos devem ser “respeitados, valorizados e potencializados no processo de aprendizagem”.
Para Áquila, sem um diagnóstico da turma, fica mais difícil “conhecer e reconhecer” essa base. Isso torna o processo, em sua visão, muito mais engessado e difícil.
“Se o educador pressupõe que a turma domina determinados assuntos simplesmente por estar naquele ano, ele pode ter surpresas com estudantes que não sabem o que é esperado”, afirma. Essa situação, nada incomum, pode levar os alunos com mais dificuldades a ter problemas sérios para avançar nas aprendizagens. “E isso pode atrapalhar o educador ao longo do ano”, diz Áquila.
O que coletar em um diagnóstico prévio dos estudantes
Os estudantes, como todos, têm saberes advindos da escola, da família e do ambiente em que vivem. O educador deve ter isso em mente ao realizar o diagnóstico prévio da turma.
“Esses saberes podem diferentes e mais extenso que os do professor”, ressalta o gerente da BEĨ Educação. Dessa forma, o processo do diagnóstico pode conduzir a uma situação de troca.
Além de entender os conhecimentos prévios do componente curricular específico, Áquila recomenda aproveitar a experiência para conhecer melhor os alunos. “Seus sonhos, desejos, vontades, medos, interesses, relações interpessoais, atividades extraescolares, enfim, toda uma gama de vivências.”. Para ele, essa experiência pode enriquecer a relação entre estudantes e educadores e potencializar novas aprendizagens.
Momento para aproximação com a turma e entre os alunos
Os educadores que se propõem a fazer o diagnóstico prévio percebem uma melhor aproximação com a turma. O gerente pedagógico lembra o relato de uma professora de matemática que realizou a experiência pela primeira vez. “Ela comentou que nunca, em anos de profissão, conheceu tanto os estudantes”, recorda ele. Isso porque, de acordo com a educadora, nunca tinha dedicado tempo a ouvi-los assim. “Ela apenas falava sobre os conhecimentos matemáticos”.
Praticar a escuta ativa é importante nesse momento. Respeito e atenção ao aluno que estiver falando são fundamentais para o processo de troca. Além disso, a situação permite conhecer dificuldades e expectativas nem sempre abordadas em sala de aula.
Mas não é apenas o professor que se aproxima da turma com a prática. Os próprios estudantes, ao ouvir os colegas e conhecer mais sobre cada um, podem valorizar melhor o convívio.
No entanto, Áquila reconhece que o momento pode trazer desafios. Ele explica, por exemplo, que nem sempre os alunos vão respeitar as experiências dos colegas. Pode haver, ainda, situações em que alguns falam muito mais que os outros. Às vezes, há alunos que nem conseguem espaço para falar.
Aí entra o papel do educador em ser mediador da conversa, para que todos tenham seu momento respeitado. Dessa forma, vão perceber o valor de escutar e serem escutados.
Dinâmicas para fazer diagnóstico dos alunos
Para ajudar os educadores a realizarem o diagnóstico da turma, Áquila Nogueira sugere algumas dinâmicas.
1 – Roda de conversa
Colocar todos os estudantes em roda e abrir um espaço para que cada um fale o que conhece do conteúdo, quais suas expectativas para o curso e dificuldades no componente curricular. O professor pode levar perguntas previamente preparadas para dar início à conversa. A roda é importante para que todos possam ver aquele que está falando. Controlar o tempo de fala também é necessário para todos terem oportunidade de se manifestar.
2 – Questionários ou fichas
O educador pode fazer um questionário para que os estudantes respondam em casa ou em sala e, com os dados, orientar a conversa. Outra estratégia pode ser pedir que os alunos escrevam em post-its ou em alguma ficha similar, física ou digital, palavras ou frases que considerem significativas para a conversa.
Essa tática tem algumas vantagens na comparação com a roda de conversa:
– favorece o anonimato de quem escreve, especialmente dos mais tímidos;
– estimula que todos de fato participem.
O educador pode optar por manter o anonimato ou estimular que os autores se identifiquem, valorizando a responsabilidade individual de se colocar e defender suas ideias.
3 – “Prova” sem nota
Outra forma de apurar conhecimentos prévios, em especial do conteúdo curricular, é fazer uma prova sem nota. Ela permite entender as dificuldades e o nível de aprendizado de cada um. Além disso, realizar depois uma correção conjunta ajuda a perceber eventuais dificuldades.
Para maior efetividade, é importante deixar claro que os alunos não serão cobrados pelo resultado da avaliação. Assim, se sentirão mais tranquilos para responder e colocar duas dúvidas.
Como alternativa, pode-se recorrer a atividades alternativas, como jogos tipo “”uis\”, físicos ou online. A partir das respostas, educador e estudantes identificam lacunas que devem ser trabalhadas.
4 – “Expectativa x Realidade”
Nesta ferramenta, os estudantes anotam em uma coluna sua realidade acerca de um tema, deixam uma segunda coluna vazia e, na terceira coluna, anotam seus sonhos. Para preencher a coluna do meio, eles são desafiados a pensar em atitudes que podem tomar para transformar a realidade da primeira coluna no sonho da terceira.
Estímulo ao diagnóstico prévio dos estudantes
Cientes da importância do diagnóstico prévio, os Livros do Educador da BEĨ Educação sempre estimulam a realização dessa etapa. Os livros propõem que o educador levante a idade dos estudantes e descubra seus interesses, aquilo que consideram importante, as pessoas que admiram (e por quê), entre outros dados.
Nas formações dadas aos educadores que utilizarão os materiais, a equipe pedagógica da BEĨ Educação ressalta os benefícios de adotar tais práticas. Depois de realizadas, os professores compartilham a experiência, tornando-a ainda mais rica, a partir de resultados e vivências distintas.
Para se aprofundar um pouco mais em experiências em sala de aula, leia neste texto a importância de adotar as metodologias ativas de ensino.