Em 2024, data será celebrada em 6 de fevereiro em mais de 180 países sempre sob o tema Unidos para uma internet mais positiva
Todos os anos, mais de 180 países se reúnem em uma mobilização global por uma internet segura. O movimento acontece em fevereiro e é marcado pelo Dia da Internet Segura.
No Brasil, as ações são coordenadas pela SaferNet Brasil, uma organização de atuação nacional sem fins lucrativos. Em 2024, a data será celebrada em 6 de fevereiro, sendo o 16º ano em que a mobilização é realizada no país. O tema é sempre buscar estar “unidos para uma internet mais positiva”.
Mas o que é uma internet segura? E qual a importância da educação midiática para alcançá-la? São algumas das questões que discutiremos neste texto.
O que é internet segura
Quando falamos em internet segura, logo vêm à mente senhas de contas bancárias e de perfis pessoais, como e-mail e redes sociais. Também lembramos de notícias de golpes virtuais. E esse é um ponto importante de fato.
Mas uma internet segura vai além desses aspectos. Ela inclui promover uma rede sem crimes virtuais, como promoção de discursos de ódio e intolerância – incluindo xenofobia, racismo e outras formas de discriminação – e crimes sexuais. Há ainda os casos de perfis falsos para aliciamento de jovens em redes sociais e ambientes de jogos interativos. E não podemos deixar de falar das famosas “fake news”, que também podem configurar crimes.
Além disso, a internet segura é uma rede em que se possa navegar de maneira positiva do ponto de vista emocional. Aqui podemos citar como contraexemplo os casos de cyberbullying, além dos recentes “cancelamentos” nas redes.
O Dia da Internet Segura
O Dia da Internet Segura começou como uma iniciativa do projeto EU SafeBorders, da União Europeia, em 2004. O objetivo da data é promover a utilização segura da internet por todas as pessoas. Há um foco especial em crianças e adolescentes, por estarem especialmente expostos a riscos na rede.
Em 2005, a rede conjunta Insafe-INHOPE, que congrega as organizações que desenvolvem o uso consciente da internet na União Europeia, retomou a ação. Desde então, esse dia, conhecido Safer Internet Day (SID), passou a ser celebrado anualmente em fevereiro. Com o passar do tempo, ele se expandiu para fora da Europa. Atualmente, mais de 200 países incluem ações sobre internet segura nesta época dentro da iniciativa mundial.
O site mundial do evento explica seus objetivos. “Do cyberbullying às redes sociais e à identidade digital, todos os anos o Dia da Internet Segura visa aumentar a conscientização sobre questões on-line emergentes e preocupações atuais”, informa a página.
Qual a programação do Dia da Internet Segura no Brasil em 2024
Em 2024, será celebrada a 16ª edição do Dia da Internet Segura no Brasil. Como todos os anos, o tema das ações gira em torno de “Unidos para uma internet mais positiva”. No Brasil, as ações são coordenadas pela Safernet Brasil, que se define como a “primeira ONG no Brasil a estabelecer uma abordagem multissetorial para proteger os direitos humanos no ambiente digital”.
O site do evento informa que haverá um evento presencial em São Paulo, em 6 e 7 de fevereiro, com vagas limitadas. Ele terá transmissão on-line. Os painéis e palestras terão os seguintes temas:
- A proteção à Infância nos tempos da IA Generativa
- Cidadania Digital nos currículos da Educação Básica
- O papel do setor privado no fortalecimento do ecossistema de segurança digital no Brasil
- Algoritmos de recomendação e o público infantil
- Integridade da informação na agenda digital do G20
- Juventudes e os desafios da era digital na agenda do G20
- Uso excessivo de Telas por crianças e adolescentes no Brasil: o que fazer?
Especialmente no segundo tema, nota-se que construir uma internet segura pode – e deve – passar pela escola. Mas como fazer isso?
A importância da educação midiática para a internet segura
A alfabetização midiática é definida da seguinte forma pela Unesco:
“Um conjunto inter-relacionado de competências que ajudam as pessoas a maximizar as vantagens e minimizar os danos nos novos cenários de informação, comunicação e digital.”
A entidade elenca cinco elementos que, em sua visão, classificam essa competência.
- Compreensão do papel e das funções das mídias em sociedades democráticas.
- Compreensão das condições sob as quais as mídias podem cumprir suas funções.
- Avaliação crítica do conteúdo midiático à luz das funções da mídia.
- Compromisso junto às mídias para a autoexpressão e a participação democrática.
- Revisão das habilidades necessárias para a produção de conteúdos pelos usuários.
Essas definições mostram a importância da educação midiática para lidar com a desinformação que perpassa a rede. Dessa forma, uma alfabetização midiática contribui para a construção de uma internet segura.
Aqui, cabe lembrar o conceito de cidadania digital. Para o educador Mike Ribble, ela é “o desenvolvimento contínuo de normas de uso apropriado, responsável e capacitado da tecnologia”. Ribble é autor do livro Digital Citizenship in Schools (Cidadania digital nas escolas, em português).
Cidadania digital e BNCC
Das dez competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), três fazem referência ao tema da cidadania digital. São elas:
Competência 1: Conhecimento. Ela aborda os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade.
Competência 2: Pensamento científico, crítico e criativo. Na BNCC, essa competência aparece com o objetivo de criar soluções, inclusive tecnológicas, para a resolução de problemas.
Competência 5: Cultura digital. Essa competência destaca a necessidade de “compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais, incluindo as escolares, para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos […] e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.”
Como trabalhar a educação midiática nas aulas
A educação midiática não é um componente curricular. Ela é um tema transversal, que pode ser abordado de forma interdisciplinar.
Um exemplo é nas aulas da área de Linguagens. A turma pode ser instada a selecionar notícias que encontre nas redes sociais. A atividade segue com a checagem de sua veracidade em fontes confiáveis, em órgãos de imprensa reconhecidos.
Outra possibilidade é em aulas da área de Ciências Humanas, especialmente Sociologia, uma discussão sobre a exposição nas redes, comparação e desenvolvimento de empatia.
Até na aula de Matemática é possível tratar do assunto. Um exemplo é usar o tema de potência e função exponencial para mostrar o quanto uma informação pode se propagar se cada pessoa que recebê-la passar para outras dez.
Esses exemplos mostram as muitas possibilidades de o tema ser usado em diferentes aulas, sem precisar haver uma disciplina específica sobre letramento digital.
Coleção Cidadania no Dia a Dia
A coleção Cidadania no Dia a Dia, da BEĨ Educação, traz à discussão os temas de internet segura, LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e cyberbullying.
O livro propõe atividades em que os estudantes são convidados a responder, por exemplo, se é possível um uso consciente da internet. Os argumentos, depois, são discutidos em sala, para levar a uma reflexão mais profunda. O funcionamento de algoritmos e cookies e a ligação deles com a proteção de dados é outra discussão abordada na coleção.
Tendo em vista a transformação digital por que passa toda a sociedade, leia neste texto qual a importância de as escolas acompanharem essa tendência.