Cidade Educadora: entenda o conceito
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Entenda o que é uma Cidade Educadora

PUBLICADO EM November 30, 2022

ATUALIZADO EM November 30, 2022

Conceito está presente na Carta das Cidades Educadoras e prevê que elas desenvolvam essa função de modo paralelo às que já executam

O conceito de cidade educadora nasceu em 1990, no I Congresso Internacional de Cidades Educadoras, em Barcelona. Ele está inscrito na Carta das Cidades Educadoras, documento elaborado nesse evento. Segundo a Carta, “a educação transcende as paredes da escola para impregnar toda a cidade”.

Em 1994, foi realizado o III Congresso, em Bolonha, na Itália. Nesse mesmo ano, foi fundada a Associação Internacional das Cidades Educadoras. A Carta foi sendo revista e atualizada em encontros desse tipo até 2004.

Em 2016 o comitê-executivo da associação estabeleceu a data de 30 de novembro como Dia Internacional das Cidades Educadoras. Mas você sabe o que significa esse conceito? 

O que é uma cidade educadora

Segundo a Associação Internacional de Cidades Educadoras (AICE),  toda cidade é educativa por si só; ela se torna educadora quando assume essa “intenção na forma como se apresenta a seus cidadãos, consciente de que suas propostas têm consequências em atitudes e convivências e geram novos valores, conhecimentos e habilidades”.[LA1] 

O MEC define que a cidade educadora deve fazer “a integração da oferta de atividades sociais e culturais para potencializar sua capacidade educativa formal e informalmente”.

Por sua vez, o Centro de Referências em Educação Integral explica que “a concepção de cidade educadora remete ao entendimento da cidade como território educativo”. A entidade prossegue, dizendo:Nele, seus diferentes espaços, tempos e atores são compreendidos como agentes pedagógicos, que podem, ao assumirem uma intencionalidade educativa, garantir a perenidade do processo de formação dos indivíduos para além da escola, em diálogo com as diversas oportunidades de ensinar e aprender que a comunidade oferece”.

Dessas definições, próximas e complementares, depreendemos que a cidade é um espaço em que a aprendizagem está presente naturalmente. No entanto, para que ela seja considerada educadora, é necessário um passo além: que ela conecte e integre as possibilidades educativas de seu território, de maneira planejada e intencional.

Na Carta da AICE, a entidade pondera que a cidade deve exercer e desenvolver sua função educadora de maneira paralela às suas atribuições tradicionais. São elas: funções econômica, social e de política de prestação de serviços. Isso deve ser feito, prossegue a associação, “tendo em vista a formação, promoção e o desenvolvimento de todos os seus habitantes”.

Para a AICE, a prioridade deve ser dada a crianças e jovens. Mas “com a vontade decidida de incorporar pessoas de todas as idades, numa formação ao longo da vida”.

Cidades educadoras no Brasil

No Brasil, há 25 cidades afiliadas à Associação Internacional de Cidades Educadoras. São as listadas abaixo.

Araraquara (SP); Camargo (RS); Carazinho (RS); Curitiba (PR); Gramado (RS); Guaporé (RS); Guarulhos (SP); Horizonte (CE); Marau (RS); Mauá (SP); Monte Horebe (PB); Nova Petrópolis (RS); Passo Fundo (RS); Porto Alegre RS); Raul Soares (MG); Santiago (RS); Santo André (SP); Santos (SP); São Bernardo do Campo (SP); São Carlos (SP); São Gabriel (RS); São Paulo (SP); Sarandi (RS); Soledade (RS); Vitória de Santo Antão (PE). 

Experiências das cidades educadoras

A rede de cidades educadoras compartilha experiências que são implementadas nos municípios associados. São projetos de saúde, educação, ambiente, mobilidade e cultura, entre outros, que em geral interligam várias dessas áreas e diferentes setores sociais.

De Fundão, em Portugal, vem um desses projetos. No “Casas e lugares de sentir”, diversos atores – governo municipal, comunidades rurais, agentes sociais e comunidade educativa – se uniram para recuperar os saberes e as tradições locais. A partir disso, casas e outros locais atuam como museus comunitários, que configuram uma rota turística e educativa para que diferentes públicos possam aprender tais conhecimentos  de maneira vivencial e criativa.  Além disso, o projeto fomenta o acesso equitativo a bens culturais.

Outra iniciativa destacada no site da AICE é de Santo André, na Grande São Paulo. Num espaço que antes era inseguro, associado com consumo de drogas, vandalismo e abandono de animais, em 2016 foi implementada a Escola Municipal de Educação Ambiental Parque Tangará (EMEA). Com 50 mil m2 de área com vegetação de mata atlântica, o parque-escola tem o objetivo de que as pessoas aprendam formas de viver na cidade de forma sustentável e integrada com o meio ambiente. O local oferece cursos e oficinas que despertam e incentivam a participação social. Seus temas são planejados, revisados e constantemente revisitados. Eles visam cumprir objetivos ligados a educação ambiental, sustentabilidade, conscientização e ação social.

O papel da cidade no processo de aprendizagem escolar

A cidade pode ser considerada uma escola. Uma escola de convivência e trocas simbólicas, o locus fundamental de aprendizagem da experiência pública, lugar formador do sentimento da urbanidade.  É preciso ter em mente [LA2] os sentidos primários da cidade como lugar de passagem e ocupação, como território e espaço, introduzindo a hipótese da cidade como lugar de aprendizado e intervenção transformativa.

A educação, neste caso, não é prerrogativa da escola, nem de seus educadores ou planejadores. A cidade aparece subtematizada em alguns processos de aprendizagem escolar. Mas é possível pensar em fazer das escolas um lugar potencial a partir do qual a transformação urbana pode ganhar impulso. Para isso, as escolas precisariam sair de seus muros rumo ao aumento de sua potência comunitária.

No programa “Aprendendo a Viver na Cidade”, da BEĨ Educação, os estudantes são estimulados a conhecer melhor a história, a geografia, as potencialidades e problemas do meio urbano. E não só de forma teórica. Nos locais onde o programa foi aplicado, várias turmas foram visitar câmaras de vereadores, prefeituras, prédios e monumentos históricos. Além disso, os estudantes devem fazer um projeto de aplicação prático dos conhecimentos.

Aqui, cabe lembrar as palavras do economista Edward Glaeser. Segundo ele, a cidade é “a maior invenção da humanidade”. Afinal, ela permite o florescimento da cultura, o debate de ideias, o exercício pleno da política e da cidadania. Se tudo isso é possível, é porque ela representa a realização material de bem comum e, portanto, a permanência do saber acumulado sobre seus problemas e soluções.

Ainda dentro do tema cidade e educação, veja neste texto como o estudo das cidades pode colocar em prática conceitos de geografia, histórica, biologia e outros componentes curriculares.

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