Começar a conhecer a educação financeira desde o ensino básico pode contribuir para uma vida mais estável e organizada. Entenda por quê!
O que vem à sua cabeça quando se fala em educação financeira? O conceito, cada vez mais difundido, pode suscitar imagens como teoria, palestras, aulas. Mas é um conceito prático, que se aplica no dia a dia.
Aprender como lidar com o dinheiro, saber quanto se ganha e quanto se gasta, como fazer escolhas melhores, como e quanto poupar, até para fazer um planejamento e alcançar sonhos e metas. Isso tudo é educação financeira e pode melhorar a vida das pessoas. E aprender desde a escola contribui para que as escolhas sejam mais conscientes desde cedo e que tenhamos uma relação melhor e mais saudável com o dinheiro. Confira!
O que é educação financeira
A educação financeira é o aprendizado de como lidar com as finanças. Por meio dela, entendemos melhor como lidar com o dinheiro que ganhamos. Desenvolvemos habilidades para escolher a melhor forma de gastá-lo e aprendemos a planejar ações no presente e no futuro.
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) traz uma definição mais elaborada do conceito. Segundo a entidade, educação financeira é “o processo mediante o qual os indivíduos e as sociedades melhoram a sua compreensão em relação aos conceitos e produtos financeiros, de maneira que, com informação, formação e orientação, possam desenvolver os valores e as competências necessários para se tornarem mais conscientes das oportunidades e riscos neles envolvidos e, então, poderem fazer escolhas bem-informadas, saber onde procurar ajuda e adotar outras ações que melhorem o seu bem-estar. Assim, podem contribuir de modo mais consistente para a formação de indivíduos e sociedades responsáveis, comprometidos com o futuro”.
De uma maneira simplificada, o processo da educação financeira implica saber de quanto dinheiro dispomos, quais nossas necessidades, nossos desejos e nossos sonhos. Também faz parte desse aprendizado conhecer instrumentos de crédito, investimento e proteção. Assim, podemos entender qual a melhor forma de destinar os recursos disponíveis.
Para que serve a educação financeira
A educação financeira serve para ajudar a tomar melhores decisões acerca do dinheiro que temos disponível para nossas necessidades. Essas decisões podem envolver apenas os recursos que ganhamos com nossas atividades ou também a contratação de um crédito. Afinal, dívida nem sempre é ruim, como explicamos nesse texto.
A educação financeira traz muitos benefícios. Uma pessoa informada financeiramente consegue:
- ter mais conhecimento sobre seu dinheiro
- ter mais segurança e conhecimento para tomar decisões
- reduzir conflitos causados pelo dinheiro
- diminuir episódios de ansiedade e estresse relacionados às suas finanças
- planejar a realização de sonhos e objetivos
- melhorar a qualidade de vida.
A educação financeira traz tantos benefícios sociais que a OCDE estimula a adoção de políticas nacionais sobre o tema. Ela é vista como importante para sustentar a estabilidade econômico-financeira e o desenvolvimento social inclusivo. Isso foi reconhecido inclusive por fóruns globais e regionais, tais como o G20 e a Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC).
O Brasil tem uma Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) desde 2010. Ela contempla estratégias para chegar a públicos de diversas idades. Há inclusive ações para levar a educação financeira para as escolas.
Educação financeira na escola
A introdução da educação financeira nas escolas foi reforçada com a criação da ENEF. O site da plataforma indica que “a escola é o ambiente em que crianças e jovens adquirem não apenas conhecimentos, como também a capacidade de viver em sociedade, fazendo escolhas que influenciarão na realização dos seus sonhos e suas atitudes influenciam na sociedade”.
“O objetivo de ensinar educação financeira na escola é formar cidadãos mais conscientes, evitando um cenário de maior endividamento nas gerações futuras”, diz Natália Alonso, gestora de Projetos Educacionais da BEĨ Educação. Para ela, é importante que esse aprendizado comece cedo. “Assim o estudante começa logo a ter consciência financeira. Acho que faltou isso nas escolas anteriormente, e hoje a gente tem um cenário de quase 80% dos brasileiros endividados”, afirmou.
Esse número consta na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O levantamento mostrou que, em abril de 2023, 78,3% dos núcleos familiares do país tinham dívidas. Outro dado da pesquisa dá conta de que 29,8% das famílias estavam com contas em atraso – ou inadimplentes.
Educação financeira na BNCC
Em 2020, a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) tornou a educação financeira um assunto obrigatório na Educação Básica. Mas ela não aparece como um componente curricular específico. O documento a apresenta como um dos “temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local, regional e global” a serem abordados. E complementa: “preferencialmente de forma transversal e integradora”.
Na área de Matemática para o Ensino Fundamental, a Base orienta o estudo de assuntos como:
- Taxas de juros;
- Inflação;
- Aplicações financeiras;
- Impostos.
O documento recomenda “um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais, sociais, políticas e psicológicas, além da econômica, sobre as questões do consumo, trabalho e dinheiro”. O texto dá um exemplo: desenvolver “um projeto com a História, visando ao estudo do dinheiro e sua função na sociedade, da relação entre dinheiro e tempo, dos impostos em sociedades diversas, do consumo em diferentes momentos históricos, incluindo estratégias atuais de marketing”.
Para o Ensino Médio, a BNCC fala da mudança da sociedade em relação ao empreendedorismo, desde microempreendedores até grandes empresários. Nesta etapa, a Base diz que “cresce a importância da educação financeira e da compreensão do sistema monetário contemporâneo nacional e mundial, imprescindíveis para uma inserção crítica e consciente no mundo atual”.
- Leia também: Lidar com o dinheiro de forma responsável é um aprendizado constante e multidisciplinar
Aprendendo a lidar com dinheiro
A BEĨ Educação desenvolveu um programa de educação financeira. Trata-se da coleção Aprendendo a Lidar com Dinheiro, disponível para Ensino Fundamental – Anos Finais e Ensino Médio.
O material possibilita ao educador abordar, na aula de Matemática, conceitos fundamentais desse componente, com situações do dia a dia. Na visão de Natália Alonso, gestora de Projetos Educacionais da empresa, é importante que o conteúdo tenha proximidade com o contexto de vida do estudante.
Ela dá um exemplo, que consta em atividades da coleção Aprendendo a Lidar com Dinheiro: exercícios ligados à economia doméstica, com contas de luz e água. “Quanto mais próximo, mais significativo é o aprendizado”, afirma.
A coleção aborda conceitos como juros, porcentagem, fração, gráficos, inflação, desigualdade e orçamento. Também trata de temas como consumo consciente, desperdício, planejamento, poupança e empreendedorismo.
O material adota a metodologia de ensino orientado para projetos. Dessa forma, ao final do período, os estudantes devem apresentar um projeto em que apliquem os conceitos trabalhados. Assim, obtêm um aprendizado com significado.
Para se aprofundar no tema, leia neste texto como a aprendizagem significativa da matemática contribui para a formação de cidadãos mais conscientes financeiramente.