. Estudo do espaço urbano deve ser feito de forma integrada, para que estudante compreenda o meio em que vive e saiba como lidar com ele
Cerca de 85% da população brasileira vive em cidades. No entanto, os estudantes não aprendem de forma integrada o espaço urbano, no qual moram. Para que eles compreendam o meio em que habitam e como se relacionar com ele, é importante que as escolas promovam o estudo das cidades.
Estudar cidades é compreender sua história, sua geografia, sua economia, sua cultura, enfim, toda a dinâmica envolvida nelas. Esse estudo também leva a pessoa a entender como pode influir nessa dinâmica. E isso é importante, tendo em vista que ela é uma habitante deste meio.
A importância do estudo das cidades na vida dos estudantes
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 84,72% dos brasileiros moram em áreas urbanas. Isso mostra que a maior parte dos estudantes mora em cidades – aqui entendida como espaço urbano.
“Entender a dinâmica de desenvolvimento e funcionamento das cidades possibilita lidar melhor com os problemas e desafios pelos quais passamos diariamente”, diz Áquila Nogueira, gestor de projetos educacionais da BEĨ Educação. Essa declaração mostra a importância de estudar as cidades de forma sistematizada. “Se pouco conhecemos, como podemos intervir e modificar os problemas que vivemos?”, questiona ele.
Para Nogueira, o estudo das cidades ainda abre caminho para “pensar, imaginar e sonhar soluções e novas possibilidades de viver e interagir” com elas.
Planejamento urbano e dia a dia dos jovens
A realidade dos alunos é permeada pelas consequências da falta de planejamento urbano. Alguns exemplos são o excesso de engarrafamentos de trânsito e a falta de áreas verdes. Também podemos citar enchentes e deslizamentos, como o que ocorreu em São Sebastião em fevereiro de 2023, deixando dezenas de mortos.
“Qualquer um que teve algumas aulas de Geografia e Ciências que abordam o tema sabe que o desmatamento leva à erosão do solo e isso pode gerar desastres”, diz o gestor da BEĨ Educação. No entanto, ressalta ele, é um conhecimento que chega em geral sem relação com o dia a dia do estudante. “Esse saber descontextualizado não ajuda a explicar como esses desastres seguem acontecendo com regularidade”, prossegue.
Ainda nesse exemplo, ele complementa: “É importante entender a especulação imobiliária, os interesses envolvidos e a construção de políticas públicas para saber não só o que pode ser feito, mas o que de fato acontece e as razões por trás das escolhas, até para poder participar no processo decisório e cobrar as instâncias adequadas”.
O exemplo do ocorrido em São Sebastião abarca, além de planejamento urbano, outras questões, como saneamento, moradia e desenvolvimento sustentável. “É importante, ainda, discutir questões como a mobilidade, a economia e a cultura”, afirma o gestor.
Quais componentes curriculares estão associados ao estudo das cidades?
Quando pensamos no estudo das cidades, logo nos vêm à cabeça temas associados às Ciências Humanas. “A Geografia fala das relações espaciais, bastante presentes no estudo de cidades”, pondera o gestor da BEĨ Educação. “A História discute o desenvolvimento das cidades e da relação entre as pessoas”, prossegue ele. “A Sociologia se debruça sobre essas relações interpessoais”, complementa.
Mas esse estudo envolve outras áreas de conhecimento, diz Nogueira. “As Linguagens são centrais na compreensão dos discursos e mesmo da documentação que pauta essas relações”, afirma. Outra área citada por ele é a das Ciências da Natureza. Isso porque ganham cada vez mais relevância na compreensão das relações humanas com o meio em que vivemos. “Afinal, a percepção de que os recursos naturais são cada vez mais finitos pauta as decisões que tomamos”, afirma.
Na análise de Áquila Nogueira, essa pluralidade de temas e áreas reforça a importância de conectar saberes para poder compreender sua posição e possibilidades no espaço público. Desta forma, diz ele, será possível “ter consciência e responsabilidade, com um papel ativo na construção de uma sociedade mais democrática e participativa”.
- Leia também: Estudo das cidades coloca em prática conceitos de geografia, história, biologia e outros componentes curriculares
Aprendizado dentro e fora da sala de aula
Promover debates, assistir a filmes e realizar outros tipos de atividade dentro das escolas são algumas formas de estudar sobre a dinâmica das cidades. No entanto, elas não podem ser as únicas. “É difícil conhecer a cidade sentado em uma sala de aula”, reflete Áquila Nogueira. “Uma mera volta no quarteirão da escola pode levar a descobertas capazes de mudar a relação dos alunos com o lugar onde vivem e, a partir daí, a caminhos que podem impactar todo o curso de suas vidas”, explica.
Áquila destaca que o educador não consegue oferecer todas essas possibilidades sem o apoio da gestão escolar. Por isso, é importante que ela entenda a ideia e facilite o processo. “É importante que a escola invista em atividades externas, como visitas técnicas e invista em ferramentas tecnológicas ou mesmo em materiais mais físicos, como maquetes”, finaliza.
Aprendendo a viver na cidade
Mas esse estudo da cidade pode cair mais ao gosto dos jovens se apresentar uma abordagem inovadora. Pensando nisso, a BEĨ Educação desenvolveu o material Aprendendo a viver na cidade, que integra diferentes saberes sobre o tema.
Alinhado à BNCC, o material adota a metodologia de ensino orientada para projetos. Ele pode funcionar como uma eletiva ou um itinerário formativo. O material é pensado para educadores de diversas áreas e busca estimular a curiosidade e a autonomia dos estudantes. “Além da exposição de temas como meio ambiente, saneamento, economia e habitação, o material sugere atividades que façam com que a turma pense em como lidar com um problema que seja relevante para ela”, finaliza Áquila Nogueira.