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A importância e os desafios do coordenador pedagógico

O coordenador pedagógico é o maestro da escola e articulador dos integrantes da comunidade escolar. E ele enfrenta muitos desafios.  

Em 22 de agosto celebra-se no país o Dia do Coordenador Pedagógico. Essa função é relativamente recente: foi instituída na década de 1970.   

Em 1996, com a promulgação da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica), o papel desse profissional ganhou outra dimensão. Em lugar de fiscalizar o trabalho dos docentes, o que o tornava mais um supervisor, ele passou a ter o papel de construir em conjunto com eles o projeto pedagógico da escola e implementá-lo.  

No entanto, em muitos locais ainda vemos coordenadores desempenhando várias atividades, mas bastante diferentes daquela que deveria ser a sua atuação fundamental.  

Confira neste artigo quais as funções do coordenador pedagógico e os desafios que se colocam a esse profissional.  

Quais as atribuições e funções do coordenador pedagógico   

Como dissemos, a figura do coordenador pedagógico no Brasil tem cerca de 50 anos. Ao longo desse tempo, suas atribuições foram modificadas.  

A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) descreve a função de coordenador pedagógico e suas atribuições.  

Segundo o texto da CBO, os coordenadores pedagógicos são aqueles que “implementam, avaliam, coordenam e planejam o desenvolvimento de projetos pedagógicos/ instrucionais nas modalidades de ensino presencial e/ou a distância”.  

Além disso, a definição oficial ainda descreve que esses profissionais “participam da elaboração, implementação e coordenação de projetos de recuperação de aprendizagem, aplicando metodologias e técnicas para facilitar o processo de ensino e aprendizagem”.  

De acordo com o texto, eles “atuam em cursos acadêmicos e/ou corporativos em todos os níveis de ensino para atender as necessidades dos alunos, acompanhando e avaliando os processos educacionais”.   

Outra atribuição dos coordenadores pedagógicos é viabilizar “o trabalho coletivo, criando e organizando mecanismos de participação em programas e projetos educacionais, facilitando o processo comunicativo entre a comunidade escolar e as associações a ela vinculadas”.   

Qual é a importância do coordenador pedagógico? 

O coordenador pedagógico é o maestro da orquestra chamada escola: ele é o responsável por promover a formação dos educadores, o articulador dos diferentes integrantes da comunidade (docentes, estudantes, família, direção) e o agente transformador do ambiente escolar.   

É ele o representante da missão e dos objetivos da escola. Além de ajudar a formular o Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição, ele participa de sua implementação e zela por seu cumprimento.  E também é responsável por suas revisões.  

Esse profissional precisa ainda buscar constante formação e atualização, pesquisando e permanecendo atento a novas teorias e práticas pedagógicas e trazendo tais novidades para a escola. E é ele quem faz a transposição da teoria para a prática escolar, de maneira a tornar mais efetivo o processo de aprendizagem.   

Em um artigo para a revista Educação Pública, o especialista em gestão escolar Francisco Lindoval de Oliveira explica que é o coordenador pedagógico quem deve “coordenar e supervisionar todas as atividades relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem junto ao corpo docente, visando sempre à permanência do aluno no ambiente escolar”.  

Os desafios do coordenador pedagógico  

 A Revista Educação elaborou uma reportagem em que ouviu diversos especialistas para saber quais os principais desafios do coordenador pedagógico. Em síntese, os entrevistados focaram em quatro pontos principais:  

  1. Estimular e promover a formação continuada própria e dos docentes  
  2. Estabelecer a relação com as famílias  
  3. Promover a avaliação externa 
  4. Lidar com a direção.  

Entremeando esses desafios, a reportagem apontou o desvio de função como um dos problemas enfrentados por eles. A demanda para que exerçam outras atividades fora do que seria o escopo “ideal” toma um tempo que acaba não sendo empregado nessas funções-fim.  

Essa realidade foi também constatada em uma pesquisa conduzida pelas fundações Carlos Chagas e Victor Civita em 2011, com coordenadores pedagógicos em 13 capitais brasileiras. Alguns exemplos de atividades exercidas pelos entrevistados foram:  

– 50% atendem a ligações de pais, da Secretaria de Educação e de pessoas da comunidade todos os dias. 
– 72% fazem, também diariamente, o acompanhamento da entrada e de saída dos alunos. 
– 55% conferem a organização das salas. 
– 62% respondem a solicitações do sistema de ensino todo dia ou mais de uma vez por semana. 
– 19% substituem os professores que faltam.  

Em outro item da pesquisa, a dedicação a tais atividades mostra seu preço: 26% dos entrevistados admitiram ser insuficiente o tempo dedicado ao projeto político-pedagógico (PPP).  

Desafios pós-pandemia para o coordenador pedagógico  

 Além dos desafios usuais, a pandemia de covid-19 trouxe novos obstáculos aos coordenadores pedagógicos. Escolas fechadas por meses e falta de acesso ao conteúdo por parte dos estudantes que não tinham computador ou internet, além de dificuldades de ordem socioemocional, formaram esse novo “cardápio\” de obstáculos a superar.  

A coordenadora pedagógica Denise de Araújo Rizzi, que atua em uma escola em São Paulo, contou ao blog da BEĨ Educação que seu maior desafio atual é “reincorporar a comunidade escolar à rotina escolar”.  Para ela, o período do retorno à normalidade “tem sido uma adaptação para todos, tanto docentes como alunos”.   

Em seu depoimento, a coordenadora menciona tanto aspectos de deficiência de aprendizado como socioemocionais.  

“A intolerância e a falta de compreensão das regras de convívio, assim como a recuperação das aprendizagens, representam os maiores desafios para nossa rotina”, afirmou ela. Mas, após um semestre de aulas regulares, ela diz que é possível notar “uma leve melhora nesse processo de incorporação à rotina”.  

“Porém o desafio da recuperação das aprendizagens persiste e sempre persistirá, já que a importância do conhecimento e do poder da informação deve ser transmitida a essas crianças e jovens como uma grande libertação social”, finalizou a coordenadora.  

Uma estratégia adotada para enfrentar esse problema na escola em que Denise atua foi separar as turmas dos terceiros anos do Ensino Fundamental de acordo com a dificuldade de aprendizagem, oferecendo aulas extra duas vezes por semana. Desta forma, conta a coordenadora, “elas conseguem intensificar o processo de alfabetização com aqueles que têm urgência com essa demanda, enquanto a outra docente pode avançar nos conteúdos com os demais”.  

Os aspectos socioemocionais estão ainda mais presentes nas escolas neste momento, que ainda pode ser considerado de retomada pós-pandemia. Neste link, você encontrará mais informações para entender como as competências socioemocionais ajudam docentes a melhorar a prática pedagógica.   

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