Por meio do conhecimento das potencialidades e demandas de seu entorno, escolas podem incentivar os alunos a se reconhecerem como agentes de transformação e buscarem soluções para os problemas da sociedade
Na perspectiva de uma educação integral, que se volta cada vez mais para articular os conhecimentos a soluções de problemas da vida real, o empreendedorismo social ganha relevância no processo de ensino e aprendizagem. Ele diz respeito à capacidade dos estudantes de mobilizar conteúdos de diferentes áreas para empreender projetos de impacto social, que possam proporcionar o bem-estar coletivo e responder aos desafios complexos da nossa sociedade, como as desigualdades sociais e os problemas ambientais.
Ao incentivar iniciativas nesse sentido, a escola também permite que os alunos desenvolvam competências que serão fundamentais ao longo de toda a vida — como capacidade de trabalhar em equipe, cooperação, criatividade e empatia. E, ainda, que eles reconheçam o seu potencial de transformação e o seu papel de cidadão.
A própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o Novo Ensino Médio propõem o trabalho com essa temática e abordagem. Nos Itinerários Formativos do Ensino Médio, por exemplo, empreendedorismo é um dos quatro eixos estruturantes, ao lado de investigação científica, processos criativos e mediação e intervenção sociocultural. E ele se liga diretamente aos outros três pilares, uma vez que empreender pressupõe uma série de habilidades e atitudes necessárias para realizar uma pesquisa, criar um produto ou um serviço ou desenvolver um projeto de intervenção sociocultural.
Na prática, os projetos de empreendedorismo social podem ser trabalhados não só dentro de um itinerário formativo, mas também em uma disciplina eletiva ou mesmo na formação geral básica. Em ciências da natureza, por exemplo, os alunos podem desenvolver um projeto de reciclagem na escola ou no bairro.
Um aspecto fundamental para a implementação desses projetos é criar espaços de escuta e participação e ter o envolvimento e o engajamento de toda a comunidade escolar — estudantes, professores, funcionários e famílias. Também é importante o diálogo com moradores e organizações de bairro, que vão ajudar no reconhecimento das demandas e problemas locais.
Em relação à dinâmica das aulas, como esses projetos envolvem o desenvolvimento de competências socioemocionais e uma postura de maior protagonismo dos alunos, as metodologias ativas — como a própria aprendizagem baseada em projetos — costumam ser muito utilizadas. Além disso, é importante lembrar que esse tipo de projeto também requer uma avaliação diferenciada, que considere não apenas o produto final, mas a trajetória percorrida pelos estudantes.
Ao trabalhar com projetos de empreendedorismo social, a escola coloca o jovem como agente de transformação, alguém capaz de dialogar com a sua realidade e apresentar soluções para os impasses, contribuindo para uma educação mais significativa.