Obras ajudam a entender conceitos importantes da economia e retratam, com um olhar crítico, temas como consumismo, especulação, investimento e riqueza
Saber planejar o orçamento e cuidar do dinheiro com responsabilidade são as bases da educação financeira, imprescindível para se ter uma vida mais tranquila, empreender e alcançar objetivos. A educação financeira também inclui entender alguns conceitos de economia e sua relação com temas como consumismo, investimentos, riscos e oportunidades. Para aprender mais sobre esses assuntos de uma forma leve e atraente, confira uma seleção de cinco filmes sobre essa temática.
Os delírios de consumo de Becky Bloom (2009)
A comédia romântica dirigida por P. J. Hogan cria um ambiente descontraído para ilustrar um problema típico da sociedade de consumo contemporânea. A personagem que dá nome ao filme, Rebecca (Becky) Bloomwood (Bloom), é uma jovem jornalista de 25 anos que, como todos que cresceram na sociedade de consumo, foi exposta desde a infância à publicidade e à propaganda que vende sonhos para crianças e adultos, sem mencionar as consequências. Enxergando as crianças dos comerciais como “fadas” com seus “cartões mágicos”, a personagem cresce mergulhada no consumo inconsequente e vai se endividando até perder o emprego e não ver mais saída. Posteriormente, consegue um novo trabalho em uma revista para — ironia máxima — aconselhar os leitores a controlar seus gastos.
Embora se apresente de forma leve, a comédia ressalta o drama do consumismo, vendido como solução diante de uma existência medíocre, em uma sociedade em que ter é mais valorizado do que ser e as pessoas são classificadas a partir dos seus bens.
Trabalho Interno (2010)
O premiado documentário de Charles Ferguson é uma atraente aula sobre os fatores que levaram o mundo à crise especulativa de 2008, a maior desde a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929.
De forma minuciosa, o diretor explica como as ações de desregulamentação das atividades financeiras geraram o caos na economia planetária, garantindo lucros exorbitantes aos banqueiros e levando desemprego e miséria a milhões de pessoas pelo mundo. O documentário salienta ainda que as grandes potências mundiais pouco fizeram para punir os responsáveis pelos danos e para voltar a regulamentar as atividades dos bancos, o que mantém as populações reféns de possíveis novas crises.
O Capital (2012)
O experiente diretor grego naturalizado francês, Constantin Costa-Gavras, que já brindou o público com diversos filmes de temática política, dirigiu uma instigante obra que aborda os meandros do capitalismo financeiro e as normas de funcionamento do sistema. O filme ajuda o espectador a sair do plano dos julgamentos pessoais e moralistas a respeito dos indivíduos que atuam no comando das instituições financeiras e mostra como cada agente é uma peça dentro de um sistema criado para alimentar fortunas a partir da pobreza de milhões mundo afora. A narrativa ainda aponta para a questão de como a economia se globalizou fazendo o capital internacional se impor acima dos estados e das decisões tomadas internamente.
O Lobo de Wall Street (2013)
O filme, dirigido por Martin Scorsese, é baseado nas memórias de Jordan Belfort, ex-corretor da bolsa de valores dos Estados Unidos que, entre a década de 1980 e 1990, aplicou golpes no mercado de ações e foi condenado por fraude e lavagem de dinheiro. A história destaca o glamour e as relações insidiosas que o dinheiro fácil da especulação financeira gera para os que se aproveitam das brechas existentes em um mercado com baixa regulação e fiscalização do Estado.
Após a glória ilusória da riqueza imediata, o personagem principal — vivida pelo ator Leonardo DiCaprio — enfrenta as agruras do envolvimento com drogas, problemas amorosos e tentativas criminosas de aumentar a fortuna e tem um final decadente. A obra também ilustra como é fácil manipular os desejos de riqueza dos pequenos investidores que, iludidos pelo sonho da fortuna rápida, alimentam os ganhos dos grandes investidores.
A Grande Aposta (2015)
Dirigido por Adam McKay, que também assina com Charles Randolph o roteiro adaptado do livro de mesmo nome de Michael Lewis, a obra é mais uma das que abordam a crise de 2008, iniciada nos Estados Unidos. Mas obtém destaque ao utilizar técnicas como a quebra da quarta parede, em que os atores explicam de forma didática temas mais espinhosos da economia, como a crise imobiliária ou as hipotecas subprime.
O enredo mostra como especuladores criaram produtos financeiros, que atraíam investidores que não se importavam com os riscos elevados, desde que pudessem obter lucros altos. Essa engenharia, que contou com a leniência do Estado, foi a responsável pela crise e todas as suas consequências.